Sente-se um calor de fogueira,
se os lábios abrem-se apenas.
Uma fumaça então se alteia,
toda de som feita.
E dela uma labareda, às vezes,
pula em gesto irreverente.
Ou tentador, para que matéria te vertas
e nela te percas.
Pedras obstruem a entrada
e trituram o que não agrada.
São marfim, medido em fileiras,
qual porta perolada.
E, além dela, te aguarda faminto
o céu do palato lascivo dos vencedores
ou o inferno dos nove círculos
constritores.
Deve ter uma serpente dentro da gente.
Quem sabe a mesma que em primores
nos pensou trair e hoje se esconde
dentro em nós numa singela simbiose.
Poço e mina de onde
surde veneno mas também meneio
em tudo o que se fala
e no que se cala.
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