Nada no mundo sabe ter
o teu poder de atração igual
ao rugido de dez mil rosas.
Mesmo ausente, algo de ti nos ronda,
como um cheiro no travesseiro,
ou a forma do corpo na roupa.
És mais veloz que o pensamento,
mais agudo do que uma tesoura.
Um fio cortando rente às coisas
mas que, nada obstante a cesura,
seguissem iguais uma a outra,
mas nenhuma menor que a soma,
apenas mais frágil, sensível
às cíclicas estações do gosto,
e mesmo assim irresistível,
tal se na praça entrasse um touro.
Quando arremete, eu nada sei:
nem se, ou se apenas, nem tanto.
Nada nos corpos pode ter
semelhante poder de espanto.
E ao mesmo tempo, o aveludado
dulçor que lembra a desmemória,
a perda que é a busca e o achado,
e a leveza que gravas nas horas.
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