um no outro
nos colhemos
os despojos dos nossos corpos
o que era fogo
centelha em cinzas
se espalha em pó o que era argila
antes éramos sós
depois
sobramos dois
os segundos não mais se prendem
como gotas na corrente
são contas soltas, fiapos das horas rôtas
sequer a sombra restamos
da carne com que nos cobríamos
como a roupa, a despimos
não a pele luzente em suor
mas o que nele nos transparece
isso com os dedos percorremos
guiados pela luz
densa e escura
do desejo
que nos cega
que nos perde
que nos situa
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