Meu pai, tudo o que neste mundo não lograste
construir, para mim não resultou perdido.
Conservo-o por medida dos meus desandares,
pois só por desencontro é que ainda prossigo.
Cuidavas em usar teu tempo a erguer no mundo
um jardim que um sol mais lúcido fulgurasse...
Mas em volta cresceram muros surdos-mudos,
e a pouca luz que suamos nos cegou mais tarde.
Mas não sei detestar esses que me cuspiram:
isso aprendi contigo. Quero-os como tu,
mansos e ubíquos, pois nunca conheceste o
fruto da rispidez com a qual te serviram,
e, por isso, pudeste te encontrar ao espelho
sem rancor ou desprezo: pois foste, a despeito
de tudo aquilo que poderias ter sido
o melhor perdedor que teria vencido.
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