Seria doce fardo a lembrança nos fosse dado,
expulsos no encalço de novos fulgores,
acariciá-la e deitá-la entre grinaldas e flores.
Como se algum elo ainda enganchasse o nome com as coisas,
e amar não fosse uma transcendência a fundo perdido,
um salto sem redes no abismo.
Mas uma curva inopinada insinua no jardim seu onduleio.
Pairam na inspeção árvores coalhadas de angústias,
que, na sedução do perigo, nos ensinam o bem do mal,
para depois se consumirem em fogo de devaneio.
Como nós, já não podem ser salvas,
e troçam e rejubilam da nossa total falta de meios.
A rede elétrica traz de longe a noite pelas ruas que se acendem.
Posso então ouvir dentro de mim o rancor de um gesto incompetente,
um sorriso que não se abriu, abraços baldios que não se fixaram.
Meus olhos saltam das órbitas celestes para me acompanhar na queda,
agravando o voo voluntário e livre com a consciência
também pesada da queda.
E nas regiões do meu corpo onde alguma lucidez resiste –
unhas, sombra, cabelos - que, mesmo mortas, persistem,
uma nova ciência se grava,
tornando amor objeto ainda mais triste,
enquanto, fora de nós, uma vida, apressada,
ainda passa e não pára, como se não nos visse.
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